Jornal O Estado de São Paulo | 30 de
Abril de 2014
Texto assinado por presidente da
empresa diz que procedimentos impediram que animal chegasse até consumidor
A JBS-Friboi divulgou comunicado ontem,
informando que o "rígido controle exercido em conjunto com o Ministério da
Agricultura" impediu que animal suspeito de sofrer de Encefalopatia
Espongiforme Bovina, conhecida como mal da vaca louca, chegasse até os
consumidores.
O texto é assinado pelo presidente da
empresa, Miguel Gularte. Segundo ele, o episódio não deve representar nenhum
impacto nas exportações brasileiras de carne ou nas vendas no mercado interno.
Segundo a empresa, "o rígido
controle sanitário desempenhado pela companhia em conjunto com os fiscais
agropecuários do Ministério da Agricultura e Pecuária foi determinante para
identificar com rapidez e eficiência" o caso. De acordo com o comunicado,
o evento "comprova a eficiência do processo de controle instalado em todas
as unidades da companhia".
Doença. Um vaca nelore de 12 anos,
supostamente infectada com a doença, foi identificada em Mato Grosso, prestes a
ser abatida. Encontrava-se em frigorífico mantido pela JBS-Friboi em São José
dos Quatro Marcos, no sudoeste do Estado.
O animal foi encaminhado para o
frigorífico pela Fazenda Talismã, localizada no município vizinho de Porto
Esperidião, fronteira com a Bolívia, de acordo com a prefeitura da cidade.
No último sábado, conforme diz o
Ministério da Agricultura, foram abatidos outros 49 animais que tiveram contato
com o animal supostamente doente.
Os técnicos do Departamento de Saúde
Animal, do Ministério da Agricultura, decidiram sacrificar e incinerar a vaca,
após avaliar que a posição em que estava poderia indicar um sintoma de EEB - o
chamado "decúbito forçado" é o estado do bovino caído, que pode
ocorrer tanto em função de fraqueza muscular quanto de deficiência na
coordenação motora causada por distúrbios neurológicos da encefalopatia.
Os outros 49 animais que foram abatidos
e incinerados tiveram contato com a fêmea que foi detectada com uma falha em
partículas de proteínas importantes para o desenvolvimento dos neurônios, a
chamada marcação priônica.
Segundo o ministério, o sacrifício é
parte do procedimento adotado pela defesa sanitária nos casos de suspeita de
vaca louca. A inspeção sanitária da Agricultura coletou material e enviou para
a exames na rede estatal Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros).
A unidade do Recife identificou que a
vaca havia desenvolvido a marcação priônica. Também foi enviado material para
avaliação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), que
faz exames laboratoriais em Weybridge, na Inglaterra, para confirmar se é
efetivamente um caso de EEB.
A classificação do caso como atípico,
segundo a Agricultura, ocorre porque o animal não desenvolveu a doença da vaca
louca nem morreu em função dela. A marcação priônica se desenvolveu por causa
da idade animal - ela ocorre normalmente em bovinos acima de dez anos, em
função do envelhecimento das células do animal. O caso clássico da doença
ocorre em rebanhos mais novos, de até 7 anos. Nesses casos, a enfermidade pode
ser causada pela alimentação a base de farinha de osso e carne. É proibido
alimentar os animais no Brasil com esse tipo de suplemento, o que ajudou o País
a conseguir o nível de "risco insignificante" de doenças sanitárias
conferido pela OIE.